Dias de Solidão

Olá Pessoal!

Dia 10 de dezembro farei um show no SESC de Porto Alegre. Além de mim, Fernando Samalea, um grande baterista argentino e que tem um trabalho bacana de bandoneon, estará apresentando algumas músicas, justamente, ao bandoneon!

Eu resolvi apresentar uma canção inédita nesse show. Não tenho o hábito de tocar músicas novas antes do lançamento em disco…mas dessa vez tô com vontade de mostrar pra vocês uma das músicas que fará parte do universo do meu próximo disco, Um Cara Comum.

As gravações estão para começar e eu estou muito empolgado e contente com as novas composições! O trabalho gráfico que está em andamento trará este disco a um outro nível de acabamento e delicadeza conceitual, definindo com clareza o que entendo, vejo e faço na música.

Dias de Solidão é uma música triste, mas não melancólica. A melodia abre uma outra dimensão à letra. Esta música – música e letra – compõe uma nova etapa na minha carreira. E, sinceramente, espero que vocês gostem!

Transcrevo abaixo a letra para que vocês que irão ao meu show no dia 10 de dezembro, no SESC, de Porto Alegre, possam acompanhar e entrar em sintonia com essa nova canção!

Aí vai a letra:

Dias de Solidão

Enquanto os mosquitos

Roubam meu sono noturno

Fico pensando em tudo

O que ainda tenho que fazer

Mas num segundo

Eu desapareço no mundo dos sonhos

E, num sono profundo, logo descubro

Como te encontrar

Nos dias de chuva, nos dias de solidão

Você sempre escuta a batida do meu coração

Olhando ao longe

Vejo figuras minúsculas

São gigantes distantes

A uma distância segura

Tento me aproximar

Sem ser visto, sem chamar a atenção

Sigo a minha busca

Sem saber qual é a direção

Nos dias de chuva, nos dias de solidão

Você sempre escuta a batida do meu coração


Nos dias de chuva, nos dias de solidão

Você sempre pergunta por quem bate o seu coração


Nos dias de chuva, nos dias de solidão

Você sempre pergunta por quem bate o meu coração

bjs,

nvs

Amor de Mais, Amor de Menos

Amor de Mais, Amor de Menos

Ao longo dessa semana, falei com algumas pessoas e, quase por acaso, constatei uma ocorrência comum nas relações. É uma constatação do óbvio, uma constatação de algo que não poderia ser diferente, apesar da eterna busca do racional humano pela simetria!

Numa relação sempre haverá alguém que ama mais e outro que ama menos. Essa “diferença de amor” é crucial! Sem essa diferença, qualquer pequeno evento seria catastrófico numa relação. Qualquer pequeno evento jogaria essa relação num ponto de ruptura!

Essa diferença já pressupõe que, apesar do sentimento amoroso, existe um constante desequilíbrio que deve ser compreendido, compensado e virar matéria de base para o aprimoramento da relação! É a constância do desequilíbrio que faz a relação existir, por mais paradoxal que pareça!

Se uma relação é perfeitamente equilibrada, deixa de existir! Pois não haverá troca, não haverá compensações, nem problemas a serem resolvidos! A relação desaparece!

O sentido de qualquer relação é resolver o “desequilíbrio de amor”. Por isso ele existe! O amor é um sentimento nutrido pela diferença sentida – “desequilíbrio de amor” – entre os que estão envolvidos numa relação. Pode ser entre pai e filho, filha e mãe, homem e mulher, entre amigos e até entre homem e animal! É evidente que entre um animal racional e um irracional já entramos no campo da fábula e da alegoria, mas, vá lá, sejamos tolerantes!

Dava pra viajar mais nesse tema e explorar exemplos dessa diferença, mas penso que é muito mais divertido cada um pensar nas suas histórias e relações e, assim, buscar ver, em cada uma, quem ama mais e quem ama menos. Ao invés de parecer, num primeiro momento, ser melhor ser mais amado do que amar mais, num segundo, pode parecer exatamente o oposto!

Você ama mais ou é mais amado?

Talvez nas relações, isoladamente, entre pares, esse “desequilíbrio de amor” seja mais evidente. Mas se pegarmos todas as relações nas quais estamos envolvidos, acho que esse “desequilíbrio de amor” se torna sutil! E essa sutileza é que nos dá ímpeto e nos mantem vivos!

Bjs,

nvs

Cuidado Com o Que Você Não Gosta

Cuidado Com o Que Você Não Gosta

De vez em quando, me pego lembrando algumas coisas que aconteceram e me fazem rir sozinho de mim mesmo!

Algumas vezes, refuguei ou deixei de lado coisas que, mais tarde, passei a amar! Normalmente, esse tipo de situação acontece com alimentos, roupas ou pessoas!

Lembro de um amigo ter me apresentado um tipo de pimenta e eu ter dito a ele que não era muito fã de pimenta… hoje, não vivo sem! Foi o mesmo com os espumantes!

Havia alguns conhecidos que jogavam golfe, há muitos anos atrás, e eu achava que era um esporte bobo e elitista… Por favor, enquanto eu puder caminhar, jamais me deixem sem o meu golfe!!!!!!!! Sou viciado confesso!

Uma coleguinha do Theo – uma garotinha adorável de 10 anos que é um doce de espoleta e diz que não gosta de mim – comprou uma calça vermelha e um tênis vermelho iguais aos que uso! Ri muito e tiro sarro dela desde que soube!! Os pais dela disseram a ela: Tu tá parecendo com o Nei, com essa calça e esse tênis! Ela mostra língua e disfarça! Ela diz que não gosta de mim, mas eu pisco o olho prá ela e ela ri…. super divertido!

Lembro de pessoas, lugares e situações que vivi e conheci e que refutava, num primeiro momento. Depois, passado um tempo, passava a adorar e amar, querendo incorporá-las a minha vida…

Tenho certeza que cada um de vocês têm uma história dessas para contar. Mas nunca esqueçam daquilo que vocês não gostam, pois vocês poderão estar diante do seu próximo grande amor!

Bjs,

nvs

Pessoas

Pessoas

Pensando sobre o modo como eu falo e, observando como os outros se expressam, vi saltar a diferença de como as pessoas – e eu também – se colocam no contexto que narram.

Mas sobre o que, exatamente, estou falando?

Eu estou falando sobre a maneira que alguns falam, enquanto agentes, enquanto sujeitos. Alguns na primeira pessoa, outros na segunda e, boa parte, na terceira!

Por que isso acontece?

Foi o que fiquei pensando…

Logo lembrei o clássico caso do Pelé, que é sempre citado por falar dele mesmo na terceira pessoa! Ele é o caso escrachado, é a caricatura da inserção do próprio narrador/sujeito como alegoria aumentativa das gloriosas histórias onde “ele” está atuando!

Começando pela terceira pessoa, penso que, tirando os casos como o “d’ele” – Pelé -, o uso da terceira pessoa na narrativa é muito útil quando estamos narrando uma situação hipotética, investigativa, até! Uma situação onde verificamos as possibilidades sem comprometer o que de fato poderá acontecer.

Falando com um amigo, dia desses, ele me contava uma história assim, onde a terceira pessoa era o instrumento para deixar a narrativa descomprometida, caso fosse necessário. Era como uma saída de emergência, caso a interpretação da narrativa ocorresse de forma equivocada! Haveria sempre a possibilidade de descolar o “ele” do “eu” – a terceira pessoa da primeira! Dei-me conta disso e perguntei a ele se ele dava-se conta, também, de que o uso da terceira pessoa, naquela narrativa, era uma saída de emergência. Ele apenas riu…

Os que usam a narrativa na segunda pessoa, o fazem para confundir, de forma contundente, a história com o ouvinte, transformando em agente aquele que é mero espectador. Colocando na pele de quem viveu a história aquele que apenas a está ouvindo.

É claro que existe a narrativa na segunda pessoa, que não é artifício de linguagem, e que é feita por um narrador que salienta a pessoa à medida que se refere àquele para quem ele fala. Faz, assim, com que o agente seja, também, o ouvinte da própria história! Esse seria um uso “acadêmico” da segunda pessoa. Hein?!..rsrss.

Bem, mas dando sequência ao delírio: eu sou do grupo que usa, normalmente, a narrativa na primeira pessoa. Tenho a impressão de que quando narro usando o “eu”, comprometo-me com o que estou dizendo, não deixando margem do que quero dizer. No uso da primeira pessoa, não há saída de emergência, como na terceira pessoa. Nem há o envolvimento de alguém que não pertence à narrativa, originalmente, como na segunda.

Eu uso, algumas vezes, a mistura das três pessoas para fazer citações dentro do que estou narrando. Para exemplificar, com outras histórias na segunda ou terceira pessoa, a minha narrativa em primeira.

Por exemplo: é como se tu colocasse uma série de argumentos ilógicos sobre o que eu penso que estou escrevendo ou, ainda, se o presidente fosse discursar sobre esse assunto!:p

Entenderam? Eu, cada vez, menos…

Bjs e bom final de semana!

nvs

Farol das Ideias

Farol das Ideias

Há algumas semanas atrás saí em uma viagem solitária à bordo do meu jipe com a parceria, apenas, da minha velha guitarra Hofner semi acústica e meus pensamentos.

O objetivo de contornar a Lagoa dos Patos, ao longo de 4 dias, tinha pouco sentido prático e servia, apenas, como pano de fundo para questões mais introspectivas que trazia na bagagem.

As paisagens serenas e bucólicas de São Lourenço do Sul, Praia do Laranjal, São José do Norte, Tavares e Mostardas serviram de cenário para a minha busca.

A travessia de balsa, entre Rio Grande e São José do Norte, trouxe à memória um longínquo show que fiz, ainda no tempo do TNT, em SJN, e que lembro ter achado que aquele lugar deveria ser um dos mais isolados do mundo! Tão perto e tão longe! Lá se foram tantos anos e saí de lá com uma impressão muito diferente.

Em determinado momento da viagem, visualizei a possibilidade de visitar alguns dos faróis existentes na nossa costa, tanto doce quando salgada! Tracei meu rumo pela BR101, antiga estrada do inferno, até uma entrada para a praia, que cruza a Lagoa do Peixe e chega na beira da praia – Talhamar.

Antes, porém, de chegar na praia, tentei visitar o Farol Capão da Marca, mas o alagadiço que o cercava não me permitiu chegar a menos de 500 metros! Lembrem que eu estava sozinho e ficar atolado significaria o fim da minha expedição! Fiz uma foto distante e segui meu rumo…

Voltei à estrada e rumei norte para, depois de uma noite em Tavares, sair cedo e chegar na beira da praia. A péssima sinalização, prá não dizer inexistente, não impediu que eu encontrasse o acesso. Era cerca de 14 km, da BR101 até as dunas. Estava preparado para uma estrada lamacenta e com um pouco de água… mas o que encontrei foi muito diferente! Depois de rodar uns 3 ou 4 km, sob um nevoeiro denso e muita lama, vi a estrada entrar debaixo d’água, ficando demarcada, apenas, por uma cerca que corria paralela, nevoeiro adentro, até onde a vista alcançasse. Fiz uma foto e engatei a primeira marcha pensando que um pouco mais à frente essa “poça” daria lugar à estrada novamente. Bem, isso não aconteceu! Os 10 kms seguintes foram feitos em primeira marcha com cerca de 1 metro de água. O nevoeiro dava uma textura onírica àquela travessia. Era importante manter o foco e a calma.

Segui assim até o momento em que um pontilhão apareceu fora da linha da cerca. Ou seja, a cerca seguia reta e o pontilhão estava à minha direita, à 45°.

Deveria seguir a cerca ou o pontilhão?

Naquele momento não pareceu uma pergunta tão óbvia quanto parece agora! Mas, com calma, segui até o pontilhão e parei na cabeceira. Do outro lado, havia apenas uma coisa: água! A referência da cerca que havia me acompanhado nos últimos 10 km desaparecera e, simplesmente, restara eu, o jipe, o pontilhão e um tapete interminável de água!

Desci do jipe e fiquei cerca de uma hora observando o local, tentando adivinhar se, depois de cruzar o pontilhão, a estrada estaria ali ou teria sido levada pela água! Cruzei a pé e, por alguns instantes, quando o nevoeiro ficava menos denso, parecia enxergar o começo dos cômoros, a uns 100 metros. Fazia sentido! Devagar, cruzei com o jipe e parei na outra cabeceira do pontilhão. Desci, observei novamente, fiz uma ligação para uma pessoa do hotel onde eu havia dormido em Tavares para tentar uma dica, e segui, devagar e com cuidado, até que, depois de andar pelo caminho de água por uns 50 ou 60 metros, vi a areia surgir mais à frente. Não olhei pra trás e segui, sem parar, por mais uns 2 km até chegar, finalmente, à beira da praia! Foi emocionante! Estacionei no meio do nada e olhei ao redor. Fiquei feliz em estar num lugar tão desolado e sem ninguém. Apesar do desgaste psicológico da travessia da Lagoa do Peixe, podia sentir a energia daquele lugar recarregando minhas baterias!

Rumei pro norte, pela praia, na direção do Farol de Mostardas e lá descobri algo muito bonito e simples. Algo que me inspirou e deu o sentido, que estava perdido, à minha expedição. O Farol, com todos seus símbolos, iluminou minhas idéias, enriqueceu minha perspectiva e fortaleceu minhas convicções. O faroleiro fez uma foto minha, que é essa que vocês podem ver aqui, e segui meu caminho, sem passar pelo Farol da Solidão, pois não era o que eu buscava.

Farol de Mostardas

Talvez eu nunca mais volte a estes lugares, talvez eu nunca mais suba os 164 degraus do Farol de Mostardas, talvez eu nunca mais encontre focas e pingüins pelo caminho. Mas esta aventura já está feita e é mais uma das histórias que eu tenho pra contar!

Um beijo!

nvs

Onda Real

Onda Real

Em breve, surgirá uma horda de jovens que não fará parte das redes sociais, que não estará integrada às incontáveis possibilidades dos acessos virtuais, que não ficará seduzida pela chance de viajar sem sair do lugar. Esta horda instalará uma nova onda: a Onda Real.

Hoje, estar conectado nas redes sociais, nas suas mais variadas plataformas, é um simples atestado de contemporaneidade. Estar fora indica, com clareza, que você está velho – anacrônico!
Quase ninguém consegue estar fora desta teia que clama por seus gostos, promete descontos e reata amizades que o tempo já havia extinguido. É um jogo de pressão, um jogo perdido pra quem entra e pra quem está de fora. Um jogo de azar.

A Onda Real deve formar, sem organização prévia, uma linha de conduta, de escolhas e de valores – amorais. A formação da OR só será percebida depois que estiver em velocidade de cruzeiro e não quando estiver começando como uma tendência – sem cartilha. Será percebida e conceituada quando olhada em retrospectiva – em pleno curso. Não virará produto – será uma idéia.

A OR deve estar de acordo com o tempo e a velocidade das coisas; a percepção dos espaços a partir dos próprios espaços – não simulações 3D distantes; as experiências associadas ao tempo transcorrido para que estas aconteçam formarão a base de vivencias dos indivíduos e a reestruturação social.

A OR subverterá a atual aceitação social da facilidade/comodidade em troca da necessidade real das coisas. Necessidades criadas e facilidades sem propósito serão deixadas de lado, naturalmente.

A OR talvez já tenha começado, não sei… Não sei se será chamada assim, nem se, realmente, acontecerá. Mas tenho a sensação de que se faz necessária, não para tomar o poder ou o controle das coisas, apenas para que seja uma opção para as pessoas que ainda têm o hábito de fazer suas próprias escolhas.

Bjs,
nvs

Fé Pública

Fé Pública

Vejo uma grande confusão no emaranhado urbano – mundo super povoado – que vivemos. Essa grande confusão desdobra-se em milhares de pequenas confusões de todas as ordens, setores, orientações e intensidades que minam, sutilmente, o tênue equilíbrio que buscamos na vida.

Uma pequena confusão, gritante, que atormenta o cotidiano de todos, crentes ou não, é o papel da fé, representada, em geral, por religiões, seus templos e pastores, padres e afins. A fé não pertence à religião, embora, esta, tenha se apropriado dela como ferramenta de ajuste e manobra, questionando, sempre que necessário, a veracidade da fé daquele que coloca em dúvida qualquer dogma!

Ninguém quer um padre, pastor ou afim mandando na sua vida… pelo menos eu não quero!

Outra pequena confusão que também grita aos que ainda têm um fio de esperança de um mundo melhor é o papel do poder público, em suas diferentes camadas, esferas e representantes. Esse papel é exercido a partir de um dogma, quase religioso, porém, de base legalmente atribuída pela constituição e demais alfarrábios jurídicos: a fé pública!

Ninguém quer um governo mandando na sua vida… pelo menos eu não quero!

Essa semana, recebi uma daquelas indefectíveis correspondências oficiais que me comunicava de uma infração de trânsito cometida pelo condutor do meu veículo, no caso, eu! A notificação dizia que eu havia trafegado por um lugar da cidade que costumo trafegar, num horário que costumo passar, porém, assinalava que eu conduzia o veículo sem cinto de segurança! Fiquei furioso!

EU NUNCA ANDO SEM CINTO DE SEGURANÇA! NUNCA!

Aqui, entra o conluio das confusões geradas pelos distorções do aglomerado humano – mundo caótico!

Para ter certa ordem é necessário atribuir poder a determinados agentes. Nesse caso específico, trata-se de um agente de trânsito! E, aqui, por favor, levem em consideração que sou favorável a multas muito mais pesadas do que temos hoje e punições muito mais severas, também! Porque, cá entre nós, R$ 127,- de multa não vai mudar a marca da champagne que tomo!…sorry! Então, caso eu seja um infrator contumaz, continuarei pisando fundo e desrespeitando todas as regras, porque sai barato ser infrator!
Mas não sou assim, pois entendo, antes de qualquer outro argumento, que existe um fator fundamental ligado ao trânsito: a vida!

Mas voltando à vaca fria… recebi essa notificação e, simplesmente, mesmo sabendo que não aconteceu, mesmo sabendo que o azulzinho podia apenas estar cumprindo sua “meta diária de arrecadação” (sic), mesmo sabendo que ele pode ser um incompetente mentiroso e cego ou, simplesmente, ter se confundido ao me ver passar dirigindo e cantando – que é o que geralmente faço – ou, sem maldade, ter se equivocado na aplicação da penalidade, não posso fazer nada. Simplesmente, não posso fazer absolutamente nada! E sabem por quê?
Não posso fazer nada porque o servidor público, cujo salário sai dos impostos que pago, tem, na atribuição e exercício da sua atividade, a ferramenta dogmática, inabalável e inquestionável chamada fé pública!
Foda-se a fé pública!
A fé pública não deve ser confundida com fé religiosa! Deve existir um critério que respeite o cidadão e sua palavra! Eu disse que não dirijo sem cinto. Ou o azulzinho se confundiu ou está mentindo e, em ambos os casos, não devo ser penalizado pela sua incompetência ou maldade!
nvs

A Carta de Theo

A Carta de Theo

Durante os dias em que o Samalea esteve visitando-me, tivemos vários momentos engraçados e papos delirantes sobre muitas coisas que aconteceram e outras tantas que ainda acontecerão. Quase sempre os papos mais divertidos rolavam durante as refeições.
Numa das noites, entre uma pizza e uma taça de vinho, estávamos falando sobre os arquivos digitais, velocidade, imediatismo e possibilidades da era “internética”.
Sobre os emails, comentávamos de como é fácil a comunicação quando se está viajando! Pelo skype, liga-se pra qualquer lugar do mundo sem a preocupação do custo! Uma barbada!!
Quando viajávamos à Europa, ou outro lugar do exterior, nos anos 80 até metade dos 90, dava-se um “tchau” na partida, um “oi” na volta e era isso… ninguém ficava ligando ou mandando cartas, pois estas chegavam sabe-se lá quanto tempo depois e telefonar acabaria com os ralos dólares que bancavam a aventura transoceânica!

Nesse momento da conversa, Theo interrompeu-nos com uma conclusão contundente sobre essa realidade que tínhamos:

- É por isso que colocavam data na carta! Por que ela levava muito tempo para chegar!

Parece um tanto óbvio a todos que viveram o tempo das cartas enviadas em envelopes, com selo, nas estações de correio. Mas para um garoto que nasceu quando a internet já navegava em ADSL é uma descoberta importante que explica o porquê das coisas.
Não existe, hoje, a possibilidade de uma comunicação não ser instantânea – a não ser por romantismo!

A carta tinha data para mostrar quando havia sido escrita e para, na data em que fosse entregue, deixasse claro que haveria um hiato existencial dos fatos entre o dia da redação e o dia em que o destinatário receberia. É incrível! Parece coisa do século passado – e é!
Minha mãe ficaria fascinada e diria o quanto gosta das possibilidades que o mundo digital descortinou frente aos seus olhos na tela do seu lap! Não é mãe?

Bjs,
nvs

De vez em quando me perguntam…

De vez em quando me perguntam…

De vez em quando me perguntam por que falo tanto sobre comida.
Falo tanto de comida porque gosto! Gosto de comer, de cozinhar e compartilhar refeições feitas com carinho junto àqueles cuja companhia me faz bem!

De vez em quando me perguntam por que falo tanto de golfe.
Falo tanto de golfe porque é um esporte fantástico! Descobri e entendi que é um jogo de desafio pessoal – uma imagem muito diferente do que as pessoas, normalmente, vêem – e isso me instiga! Ajuda na minha busca de superação e concentração, dando foco ao que me interessa! Golfe é só um esporte esnobe – diz isso quem não conhece!

De vez em quando me perguntam por que não falo muito de música.
Não falo muito de música, pois entendo que a música que faço fala tudo que tenho pra falar sobre música.

Bjs,
nvs

Diamantes e Caviar

Diamantes e Caviar

Diamantes são, certamente, o desejo máximo de 10 entre 10 mulheres. O são, também, para os homens que almejam o poder simbólico que eles trazem quando podem comprá-los e presenteá-los às suas garotas!
Mas, debaixo da superfície de luxo, exclusividade e glamour, os diamantes trazem uma longa história de perversidades mimetizadas em cada quilate, em cada face lapidada. Cada gota de suor e sangue, cada metro de chão aberto e esfolado, cada árvore derrubada e mata desvirginada contribui, com a própria existência, para o brilho da pedra do desejo.

Com o caviar não é muito diferente.

O esturjão, fadado à extinção, tem comprometido cada um dos seus possíveis filhotes e sucessores existenciais à sucumbência fugas carregada pelas torradinhas quentes das festas vip’s.

É fácil fazer um drama e arrebatar os apaixonados defensores da vida e da natureza que encontram-se sempre à espera do próximo chamado!

O chamado não existe. O chamado não será feito.

Diamantes e caviar expressam o que todos, que admitem ou não, querem ser e querem possuir. Esse é o programa que vem sendo instalado em cada indivíduo social, em cada ser humano.
A perversidade da obtenção do prazer e o custo imposto àquilo que nos rodeia é, propositadamente, desprezado e diminuído para que a roda siga girando, para que a culpa não se instale. Alguns se questionam de tempos em tempos, outros mergulham de cabeça e sem culpa – simplesmente vivem a vida como ela se apresenta, sem questionamentos.

Pensar pesa, mas bonifica.

Cada diamante tirado do solo e cada esturjão morto para que suas ovas sejam transformadas no manjar dos deuses – ainda que, antigamente, fosse comida de porcos – testemunha o que somos. Não nos é dada uma escolha, ou melhor, nos é dada apenas uma, que é a que temos.
O mundo é um indivíduo e deve ser o indivíduo que decide seu presente. Não adianta pensar no futuro, não adianta considerar o passado: é tudo uma ilusão.
Ter um olhar consciente, uma visão desapegada, te dá lucidez pra seguir adiante, comprar um anel de diamantes para a sua amada, enquanto saboreia uma torrada quentinha coberta com o autêntico caviar beluga!
Desfrutem da vida!
Beijos,
nvs