Onda Real

Onda Real

Em breve, surgirá uma horda de jovens que não fará parte das redes sociais, que não estará integrada às incontáveis possibilidades dos acessos virtuais, que não ficará seduzida pela chance de viajar sem sair do lugar. Esta horda instalará uma nova onda: a Onda Real.

Hoje, estar conectado nas redes sociais, nas suas mais variadas plataformas, é um simples atestado de contemporaneidade. Estar fora indica, com clareza, que você está velho – anacrônico!
Quase ninguém consegue estar fora desta teia que clama por seus gostos, promete descontos e reata amizades que o tempo já havia extinguido. É um jogo de pressão, um jogo perdido pra quem entra e pra quem está de fora. Um jogo de azar.

A Onda Real deve formar, sem organização prévia, uma linha de conduta, de escolhas e de valores – amorais. A formação da OR só será percebida depois que estiver em velocidade de cruzeiro e não quando estiver começando como uma tendência – sem cartilha. Será percebida e conceituada quando olhada em retrospectiva – em pleno curso. Não virará produto – será uma idéia.

A OR deve estar de acordo com o tempo e a velocidade das coisas; a percepção dos espaços a partir dos próprios espaços – não simulações 3D distantes; as experiências associadas ao tempo transcorrido para que estas aconteçam formarão a base de vivencias dos indivíduos e a reestruturação social.

A OR subverterá a atual aceitação social da facilidade/comodidade em troca da necessidade real das coisas. Necessidades criadas e facilidades sem propósito serão deixadas de lado, naturalmente.

A OR talvez já tenha começado, não sei… Não sei se será chamada assim, nem se, realmente, acontecerá. Mas tenho a sensação de que se faz necessária, não para tomar o poder ou o controle das coisas, apenas para que seja uma opção para as pessoas que ainda têm o hábito de fazer suas próprias escolhas.

Bjs,
nvs

Fé Pública

Fé Pública

Vejo uma grande confusão no emaranhado urbano – mundo super povoado – que vivemos. Essa grande confusão desdobra-se em milhares de pequenas confusões de todas as ordens, setores, orientações e intensidades que minam, sutilmente, o tênue equilíbrio que buscamos na vida.

Uma pequena confusão, gritante, que atormenta o cotidiano de todos, crentes ou não, é o papel da fé, representada, em geral, por religiões, seus templos e pastores, padres e afins. A fé não pertence à religião, embora, esta, tenha se apropriado dela como ferramenta de ajuste e manobra, questionando, sempre que necessário, a veracidade da fé daquele que coloca em dúvida qualquer dogma!

Ninguém quer um padre, pastor ou afim mandando na sua vida… pelo menos eu não quero!

Outra pequena confusão que também grita aos que ainda têm um fio de esperança de um mundo melhor é o papel do poder público, em suas diferentes camadas, esferas e representantes. Esse papel é exercido a partir de um dogma, quase religioso, porém, de base legalmente atribuída pela constituição e demais alfarrábios jurídicos: a fé pública!

Ninguém quer um governo mandando na sua vida… pelo menos eu não quero!

Essa semana, recebi uma daquelas indefectíveis correspondências oficiais que me comunicava de uma infração de trânsito cometida pelo condutor do meu veículo, no caso, eu! A notificação dizia que eu havia trafegado por um lugar da cidade que costumo trafegar, num horário que costumo passar, porém, assinalava que eu conduzia o veículo sem cinto de segurança! Fiquei furioso!

EU NUNCA ANDO SEM CINTO DE SEGURANÇA! NUNCA!

Aqui, entra o conluio das confusões geradas pelos distorções do aglomerado humano – mundo caótico!

Para ter certa ordem é necessário atribuir poder a determinados agentes. Nesse caso específico, trata-se de um agente de trânsito! E, aqui, por favor, levem em consideração que sou favorável a multas muito mais pesadas do que temos hoje e punições muito mais severas, também! Porque, cá entre nós, R$ 127,- de multa não vai mudar a marca da champagne que tomo!…sorry! Então, caso eu seja um infrator contumaz, continuarei pisando fundo e desrespeitando todas as regras, porque sai barato ser infrator!
Mas não sou assim, pois entendo, antes de qualquer outro argumento, que existe um fator fundamental ligado ao trânsito: a vida!

Mas voltando à vaca fria… recebi essa notificação e, simplesmente, mesmo sabendo que não aconteceu, mesmo sabendo que o azulzinho podia apenas estar cumprindo sua “meta diária de arrecadação” (sic), mesmo sabendo que ele pode ser um incompetente mentiroso e cego ou, simplesmente, ter se confundido ao me ver passar dirigindo e cantando – que é o que geralmente faço – ou, sem maldade, ter se equivocado na aplicação da penalidade, não posso fazer nada. Simplesmente, não posso fazer absolutamente nada! E sabem por quê?
Não posso fazer nada porque o servidor público, cujo salário sai dos impostos que pago, tem, na atribuição e exercício da sua atividade, a ferramenta dogmática, inabalável e inquestionável chamada fé pública!
Foda-se a fé pública!
A fé pública não deve ser confundida com fé religiosa! Deve existir um critério que respeite o cidadão e sua palavra! Eu disse que não dirijo sem cinto. Ou o azulzinho se confundiu ou está mentindo e, em ambos os casos, não devo ser penalizado pela sua incompetência ou maldade!
nvs