Mirem-se no exemplo da Praia do Rosa

Mirem-se no exemplo da Praia do Rosa

Conheço muitas cidades. Tenho o privilégio de viajar a muitos lugares diferentes e de ver como estas cidades se desenvolveram. Conheço, também, alguns lugares, como a praia que frequento no verão, que ainda estão se desenvolvendo e seguindo rumo ao inevitável progresso!
Todos esses lugares crescem por necessidade humana, não por vocação natural!
A esmagadora maioria dos exemplos é ruim. Destrói, polui e, inegavelmente, descaracteriza o que antes existia ali.
Um desses exemplos ruins é o município de Porto Belo que tem (ou tinha), em minha opinião, a mais bela praia do Brasil – Quatro Ilhas. Todas as praias do município estão apinhadas de casas e edifícios brutalmente fincados no solo abençoado com uma, já extinta, beleza exuberante. Não é possível, principalmente na temporada de verão, encontrar a harmonia que antes reinava. Sujeira, poluição, excesso de gente, carros e barcos, completam o caos!
Garopaba é muito parecida com Porto Belo na beleza e tragédia de suas características naturais. A Praia da Ferrugem é um atrolho frenético sem capacidade de suprir a absorção demandada pelo povo que invade sua área no verão. A Praia do Silveira está embretada. A Praia do Rosa se mantém à salvo da crescente incursão das pessoas.
A Praia do Rosa se mantém à salvo não por ter um plano diretor fabuloso, um grupo privado de investimento com visão naturalista/conservacionista ou mesmo um policiamento radical orquestrado por um decreto presidencial! A Praia do Rosa não se mantém à salvo pela sua vocação natural! A Praia do Rosa se mantém à salvo pela vocação das pessoas que freqüentam o lugar. Pelas pessoas que construíram suas casas de moradia ou de descanso. Pelas pessoas que querem ver aquele lugar da melhor forma possível por muitos anos. Pelas pessoas que acreditam que basta fazer a sua parte. Pelas pessoas que acreditam que se cada um não jogar lixo no chão; se cada um não derrubar uma árvore para construir a sua casa; se cada um respeitar o espaço do vizinho; se cada um zelar pelo todo sem ser um “ecochato”; se cada um harmonizar seus interesses à capacidade de geração de recursos do lugar, esse lugar será mantido integralmente por bastante tempo.
Contei, da praia, olhando para o morro, mais de cem casas que se camuflavam entre o verde ainda exuberante. Outro cento de casas deve haver na face que dá para oeste. Ainda assim, é possível sentir que a Praia do Rosa se mantém igual ao que sempre foi.
A primeira vez que fui lá foi em ´83 ou ´84. Não havia muita coisa além de um camping no topo do morro e algumas casas de pescadores que alugavam aos turistas no tempo de verão. Mas apesar de ter mudado, há pouca diferença.
No próximo verão quero pegar umas ondas lá…eu e o Theo!
Mirem-se no exemplo da Praia do Rosa – uma praia “feita” por pessoas conscientes.
Bjs,
nvs

Maldito Lord Voldemort!

Maldito Lord Voldemort!

Ontem a noite estava bacana! O frio estava intenso e assim que cheguei em casa o Theo anunciou que tinha preparado a lenha na lareira e estava só me esperando pra riscar o fósforo.
Há alguns dias ensinei a ele a lidar com o fogo e a preparar um monte de lenha para acender a lareira. Não é tão simples quanto parece, para um garoto de 7 anos. Mas como sou um pouco piromaníaco, resolvi ensinar a ele como lidar – e, principalmente, a respeitar – o fogo e suas brasas que, de vez em quando, se lançam no tapete!
Antes disso, ele tinha me ligado pedindo para que eu não esquecesse de levar as pilhas para sua varinha mágica do Harry Potter. Não esqueci!
Cheguei, colocamos as pilhas, mas a varinha não ligou. Algum problema de contato. Combinei com ele que arrumaríamos no dia seguinte, com luz solar, usando as ferramentas adequadas. Ele relutou, mas acabou aceitando o combinado.
Até aqui, tudo bem!
O Theo jantou, brincou, conversamos e, lá pelas 22:30, coloquei-o na cama. Ficou, como de costume, uma luzinha acesa, no corredor. Falei um pouco com ele e com o Branquelo – cachorrinho branco que é seu companheirinho de sono – e dei boa noite!
Daqui a pouco veio a fatídica voz:

- Pai! Pode vir aqui um pouquinho?

Lá fui eu…

- Oi, filho. Ta quentinho?

Ele disse que tava e pediu que ficasse ali, perto dele. Começou a conversar, segurou minha mão e disse, novamente, que queria que eu ficasse ali com ele. Não adiantou argumentar que eu estava no quarto ao lado, com a porta aberta e que qualquer coisa ele poderia me chamar. Nada disso adiantou! Ele queria que eu ficasse ali.
Fiquei.
Fui ficando.
Eu ainda estava lá.
Já era quase uma da manhã…
Lá pelas tantas ele confessou que estava com muito medo.

- Medo de que filho? – perguntei.

Ele desconversou e disse apenas que queria que eu ficasse ali, com ele. Eu insisti na pergunta e ele, finalmente, revelou a fonte do seu medo:

- Tenho medo do Lord Voldemort!
- Ora, filho! É só um personagem de um livro. Ele não pode te fazer mal algum!
- Pode sim! Ele é muito poderoso. – respondeu enquanto uma lágrima corria pelo rostinho infantil.
- Pai – disse o Theo -, tenho muito medo de uma cena em que o Lord Voldemort aparece bebendo sangue de Unicórnio!

Fiquei sentido com o temor dele e lembrei dos meus irmãos mais velhos que viam os filmes de terror e depois se borravam de medo e tinham que dormir com a luz acesa. O Iluminado e O Exorcista atrapalhou muito o sono deles!
Disse ao Theo que Lord Voldemort não ousaria enfrentar os Van Soria! Disse a ele que se ele aparecesse, acabaríamos com ele e com o Unicórnio dele com um só golpe!
Ele apertou minha mão com força e fechou os olhos. Fique junto na cama dele até ele pegar no sono.
Dormiu toda a noite bem…
Maldito Voldemort!
Bjs,
nvs

Maçã Podre

Maçã Podre

Quando você viu uma maçã podre pela última vez?
Eu não estou falando de uma maçã machucada, batida, seca ou com aparência de velha. Não! Eu estou falando de uma maçã podre, estragada, fétida e, de preferência, com algum verme gordo e viscoso que enfastiado satisfaz sua breve existência com aquele conteúdo em decomposição. Quando você viu isso? Quando você viu essa maça?
Não lembra, né?
Não é de se espantar que você não se lembre de ver uma maça assim, pois elas não existem mais, dessa forma.
Faça uma experiência: compre uma maça e deixe fora da geladeira sobre um prato, num lugar da sua casa que você passe com freqüência e onde você possa observar uma eventual mudança de aspecto da fruta. Faça essa experiência simples e anote o dia em que colocou a maçã sobre o prato. Observe, ao longo dos dias que sucederão, no que a maçã se transformará.
Antes de fazer a experiência, pense no que você acha que vai acontecer! Ela apodrecerá naturalmente? Ficará bichada por algum ovinho depositado por algum inseto que pousou na fruta enquanto ela estava, ainda, no pomar? Ainda que não traga esse ovinho, a maçã apodrecerá, protegida dentro de uma casa limpa e bem cuidada, levando a cabo o processo natural de decomposição dos elementos que a constituem? O que você acha que vai acontecer?
Pelo que tenho observado nada disso acontece.
A maçã simplesmente escurece e começa secar. Ela não sofre nenhum desmantelamento natural. Não esvai seus elementos como esperado. Ela permanece inerte, quase imutável, num triste estado de conservação.
Ela apenas sofre a evaporação da sua água, nada mais.

Esse estado de conservação já nos é familiar, é verdade! Basta você dar uma caminhada pelas gôndolas dos supermercados e buscar por alguma fruta podre – ou mesmo um inseto qualquer que, no afã da sobrevivência encontraria o éden alimentar nessa seção – que você não irá encontrar prova de que as frutas apodrecem!
Que mágica é essa? Que intervenção maravilhosa é essa que nos dá a possibilidade de conservar, por muito tempo, esses alimentos preciosos?
A mágica é química – sempre foi.
Aparentemente, como as propagandas da tevê, não há desvantagens nessa mágica, nessa química. Aparentemente, desfrutamos do benefício da pesquisa e da ciência que nos brinda com a pseudo eternidade conservacionista.
Se você acredita em mágica, se você acha que as mágicas não são truques, se você acredita que coelhos e pombas podem sair de mangas e cartolas, despreze e desconsidere minhas palavras.
Se você se preocupa com você mesmo, siga as instruções da aeromoça: primeiro vista a sua máscara de oxigênio para depois auxiliar quem está ao seu lado!
Pense – sempre!
Bjs,
nvs

O Sono

O Sono

O sono é um estado maravilhoso! É um bálsamo para o crescimento, cura ou recuperação de uma pessoa.
Uma criança, quando dorme, cresce. Desenvolve seu tamanho e regenera suas forças. Uma pessoa adoentada encontra no sono o reparo de suas energias e o repouso reconciliador do equilíbrio tão necessário à convalescença!
O sono é, também, mero estado de curtição: dormir, dormir, dormir até cansar de dormir! É um estado “engolesmado” – pura letargia!

O sono é o avesso do desperto.

Quando estamos acordados, lembramos do que fazemos, do que fizemos e planejamos conscientes o que faremos. No dia seguinte, a memória do desperto está lá, firme e forte – se o mal de Alzeimer ainda não se instalou -, e traz tudo que foi pensado e feito novamente à tona. Do sono, não resta muito. Talvez um sonho ou outro, ainda por cima, fragmentado.
Agora, vamos imaginar o seguinte: se o avesso for o lado certo, ou, ainda, independentemente de ser certo ou errado, ser, simplesmente, o outro lado e estiver lá! Vivendo outra vida completamente diferente! A vida do sono!
No sono devemos ter essa vida diferente onde o corpo não é tão importante. É possível que tenhamos outra memória durante o sono e que essa memória lembra, apenas, do que acontece durante o sono. Mais ou menos como ocorre com a nossa memória de quando estamos acordados. Pode ser que sejamos 2!!! O legítimo 2 em 1!!! Pode ser que tenhamos 2 vidas diferentes! Uma quando estamos acordados e encontramos com as pessoas, batemos fotos, temos filhos, tocamos violão, ou não, visitamos cidades diferentes e vamos à escola. A outra… bem, a outra… A outra eu não lembro.
Acho que vou ter que postar a descrição da vida do sono quando eu estiver ..dormindo…
Bjs,
nei