Gaiola Vazia
O paradoxo coloca-se nu, vazio, desprovido de sentido e qualidades.
Muitas pessoas têm o hábito de ter em casa uma gaiola vazia. Em geral, são gaiolas muito bonitas e feitas por mãos habilidosas de artesãos de alguma cidade remota que tem costume de engaiolar os nossos cantores alados. São feitas, quase sempre, de material leve e fácil de trabalhar, como o bambu, por exemplo.
Uma gaiola vazia, fora o escancaro desprovido de nexo, só não é mais absurda do que uma gaiola com um pássaro dentro – o que, pra mim, é uma agressão.
Um pássaro dentro de uma gaiola é uma situação absurda que, simplesmente, não há justificativa que caiba para manter um animalzinho feito pra voar, cantar e espalhar sementes, dentro de um espaço de confinamento.
A gaiola vazia é como um grito silencioso; é como uma briga pacífica; é como um alerta nunca anunciado. Uma gaiola vazia é um questionamento sem pergunta que urra para quem a percebe e dá a mensagem pra quem ainda não entendeu que ali está um símbolo de liberdade!
Bjs,
nvs
Jumento também faz lei no Brasil
Não é nenhum segredo o despreparo da classe política que rege o nosso país. Sabemos que muitos vêm de camadas mais pobres da população e não tiveram as oportunidades necessárias pra desenvolver todo o seu potencial. Não tô falando, aqui, de potencial de sem-vergonhice, pois, isso, vários conseguem desenvolver. Tô falando daquele potencial humano, de cultura e comprometimento com a ética e o bem estar social.
Esses despreparados que recheiam as cadeiras do senado e das câmaras de deputados e vereadores são os mesmos que fazem as leis que regem a conduta dentro da nossa sociedade. São leis feitas por sujeitos que, muitas vezes, não sabem escrever e que tem uma noção de mundo apenas algumas quadras maior do que a comunidade de onde vieram. Medem o mundo por suas réguas, sem levar em consideração medidas e conceitos absolutos do consenso entre ambientes civilizados.
Corrompidos pela ignorância que se compara à de um jumento – sem ofensa ao pobre animal – são caras como esses que fazem leis estúpidas, burras e desrespeitosas como a que diz que, um cidadão que teve sua carteira de motorista, tipo tal, vencida por mais de 30 dias, terá que fazer uma nova habilitação, como se nunca houvesse dirigido na vida, mesmo depois de 22 anos de uso contínuo da primeira primeira habilitação. Terá que fazer uma segunda primeira habilitação! O jumento entenderia que isso é um absurdo!
Os caras que fizeram essa lei não podem, sequer, serem comparados ao jumento. Não tenho dúvidas que o animal se sentiria ofendido.
Recentemente, outro cidadão, tão indignado quanto eu, entrou na justiça questionando, à luz de uma apreciação de pessoas esclarecidas – leia-se instâncias superiores da justiça brasileira – como seria possível um absurdo tão grande quanto esse vigorar! Ora, não é preciso ter se formado em Sorbonne ou Oxford pra ter uma noção de questões como esta. Era, até agora, um caso nítido da pura ignorância e despreparo daqueles que fazem as leis no Brasil.
Em função deste questionamento, feito pelo meu colega de indignação mineiro, uma petição, feita pela auto-escola que cursei, solicitando a unificação do meu cadastro antigo com o novo, que fiz quando dei entrada para tirar a segunda primeira habilitação, será suficiente para que o órgão de trânsito faça minha nova carteira, como uma simples renovação, sem mais delongas!
Ufa! Que canseira. Essa história de segunda primeira habilitação encheu o saco.
É evidente que não pretendo ofender aqueles poucos políticos que honram valores nobres e que são pessoas decentes, mas paciência tem limite!E falando sobre esse assunto com um amigo, que é desembargador, ele me confessou a dificuldade que é ter que tomar as decisões sobre leis que, muitas vezes, são feitas por pessoas tão despreparadas que jamais poderiam ocupar os cargos que ocupam e redigir leis como redigem. É um labirinto lamacento.
Eu é que sei! Sorte que eu tava de botas! …srsrs
Bjs,
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Sir Elton Rocks!
Faz poucas horas que cheguei de Buenos Aires. Depois de ter passeado pelo “Barrio Chino” – bairro chinês, em Belgrano –, para comprar chá; ter tomado alguns cafés com media lunas, em alguns dos inúmeros cafés que existem por lá; tomado bons vinhos que nossos vizinhos sabem fazer muito bem, continuo sob impacto da apresentação de um dos maiores artistas que já vi!
Sir Elton Rocks!
Elton John é um compositor brilhante e um pianista incomparável! Do alto dos seus 60 e poucos anos – e dos seus quilinhos a mais – Sir Elton desfila canções conhecidas nos 4 cantos do mundo com a empolgação equiparada à da platéia de mais de 20 mil pessoas. Foi demais! Inspirador!
A abertura foi de James Blunt que empolgou a galera e fez bonito enquanto desfilava suas baladas, entremeadas com bons rocks. Finalizou em grande estilo, de pé sobre o piano, com todo estádio aplaudindo de pé!
Muito bom! Novo combustível no motor!
Bjs e bom final de semana…. vou dormir um pouco.
nvs
Buenos Aires
Cheguei a Buenos Aires hoje pela manhã e vim direto pro hotel. Apesar das poucas horas de sono, por causa do vôo super matinal, larguei as tralhas e saí pra dar uma caminhada. Já fazia um pouco mais de um ano que não vinha pra cá, desde a masterização do Mundo Perfeito. Dessa vez, vim pra assistir o show do Elton John, no estádio do Boca Juniors – La Bonbonera! Pensei em trazer uma camiseta do Inter, mas achei que não seria muito bem recebido por aqui.
Buenos Aires continua uma cidade cosmopolita e impressionante, ostentando um ar de capital do mundo como se ainda vivesse os seus anos de ouro na era do tango. Isso passou e acabou faz tempo. É triste ver Buenos Aires começar a parecer um pouco como o Brasil, no pior sentido, tendo nas suas ruas pessoas jogadas sem dignidade, nem esperança. Aqueles pedintes que já estamos tão acostumados, no Brasil, passaram a integrar a realidade argentina – uma tristeza.
Mas o que nos salva, mais uma vez, é o rock! Ouve-se por todo lado: nas cafeterias, lojas, clubes e carros o bom e velho rock. Nada de funk carioca ou belicosidades siliconadas de carnaval. O som das guitarras ainda reina por aqui, o que dá uma ponta de inveja – no bom sentido, é claro!
Buenas. Amanhã à noite vou ver um bom show de rock e recarregarei as baterias.
Bjs,
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Tangos e Tragédias
Nesta quinta, fui assistir ao espetáculo Tangos e Tragédias, no Teatro São Pedro, convidado pelo Edu Coelho – engenheiro de som do espetáculo e que trabalha comigo, também, na estrada. É a segunda vez que assisto e sai do espetáculo como se fosse a primeira vez. Eu, Theo e Ângela rolamos de rir!
O Hique (Gomez) e o Nico (Nicolaiewsky) são demais! Além de músicos maravilhosos, compositores de talento e pessoas legais, eles são super engraçados! É impressionante a simbiose artística que é criada durante a apresentação. Os personagens e a platéia unem-se num êxtase pleno onde toda promessa é cumprida e toda demanda é atendida. O domínio que o Hique e o Nico exercem sobre o público é de cair o queixo! É uma ópera onde cada membro da platéia atua com maestria na brilhante aventura sborniana protagonizada pelo Maestro Pletskaia e seu parceiro, Kraunus Sang!
E tudo isso acontece de forma natural e envolvente graças a maravilhosa equipe que trabalha no espetáculo. O som, a iluminação e a produção são impecáveis. Trata-se de um espetáculo do mais alto nível e não é de se espantar que esteja há tantos anos em cartaz, sempre com casa cheia!
Se você ainda não assistiu Tangos e Tragédias, tem a obrigação de ir! É fantástico! Está em cartaz no Teatro São Pedro, aqui em Porto Alegre, até o final do mês.
Bjs,
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Habitação do Futuro
A habitação do futuro é uma questão intrigante pra quem observa os hábitos das pessoas e como elas ocupam espaços para viver. É evidente que na adaptação destes espaços – casas e apartamentos – há uma crescente agregação de serviços tecnológicos com fins, principalmente, funcionais como, por exemplo: eficiência energética e térmica e coleta de água para uso em vasos sanitários e rega de jardins. Há, ainda, a incessante maravilha tecnológica dos eletrodomésticos que forrarão estas habitações – desde máquinas pra fazer pão e café, gerenciar a energia e até robôs pra servir e limpar. Magnífico!
Mas o que eu acho que seria o mais importante para se ter numa habitação do futuro é um espaço pra plantar! Uma pequena porção de terra onde cada um poderia plantar – conforme as estações – verduras, legumes e temperos para consumo próprio! Uma área do tamanho de um quarto, uns 3 x 3 metros, seria o suficiente.
É uma idéia simples e empolgante! Muitas pessoas gostam de plantas e a idéia de adquirir uma habitação com um espaço pensado para cultivar parte do seu alimento, tendo o posicionamento otimizado para o cultivo das plantas, fará com que as pessoas, além de comerem melhor, travem um contato mais íntimo com a natureza, ainda que dentro da gaiolinha urbana!
Tenho a impressão que qualquer hora dessas algum empreendedor arrojado do meio imobiliário vai ter essa idéia, ou lerá ela aqui – eu não me importo, pode usar, pois milhares de pessoas podem se beneficiar dessa idéia – e fará condomínios com pequenas áreas de cultivo individuais e o projeto do prédio ou casa terá a estrutura adequada para as pessoas cultivarem parte do seu alimento. Eu sou um cliente em potencial!
Na sacada do meu apartamento tenho moranguinhos, tomates cereja, vários temperos, além de flores e lavanda. Imagina se eu tivesse um “quarto de plantar”!?
Bjs
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Uma aventura na cama
Num desses dias choveu o dia inteiro e hoje começou igual. A rua estava intransitável com as pessoas estressadas tentando chegar a algum lugar. Pela janela fechada, eu conseguia ouvir o tumulto sinistro da rua que parecia dizer pra eu ficar fora daquela confusão. Eu estava entendendo a mensagem, mas uma parte de mim queria levantar da cama e ir pra rua; a outra, que entendia a mensagem, me dizia pra escutar o aviso e ficar na cama.
Resolvi ficar – imóvel.
Ainda não tinha aberto os olhos desde que tinha acordado, mas sentia-me plenamente desperto. Aos poucos comecei a lembrar de uma praia que tinha ido, há mais de 13 anos, e comecei a entrar numa aventura imaginária que foi deixando meu corpo inerte e embriagado num estado de latência, mas minha mente estava aguçada e completamente focada na aventura que estava começando.
A praia estava deserta e um brilho diferente da luz dava a impressão de que aquele lugar era o mesmo que eu visitara 13 anos antes, mas uma coisa estava diferente e eu não sabia exatamente o que era. Comecei a caminhar pra ver se encontrava alguém conhecido ou que, pelo menos, pudesse me dizer que lugar era aquele e o que estava diferente. Andei muito tempo e o horizonte se mantinha inalterado, assim como a paisagem a minha volta. Uma desagradável sensação me chegava pelos pés. Olhei pra baixo e finalmente me dei conta de que não havia areia no chão. Eu não caminhava sobre o que normalmente se caminha quando se vai numa praia. O chão era todo revestido de um material plástico disposto, propositadamente, de forma aleatória, assim, quando se caminhava se tinha a impressão de que se ganhava terreno.
Cansei de caminhar e fiquei parado, como um daqueles Avatares do Second Life. Surgiu diante de mim uma parede de água. Era cristalina, corrente e parecia ser doce, como a água daqueles rios que surgem do degelo. Achei muito estranho, afinal de contas estava na praia, em frente ao mar. Não fazia sentido – fiquei confuso. Exatamente nesse momento, a água que antes parecia ter um curso vindo de cima e caindo em direção ao chão, parou. Uma imagem começou a se formar. Era uma figura sem nitidez, sem características. Não havia foco e a luz difusa que emanava da água não ajudava a definir a visão.
Enquanto eu tentava ver melhor o que estava diante de mim, me inclinando para frente, ajustando o foco do olhar e olhando para as bordas da figura na busca de uma linha que definisse o seu formato, fui perdendo a sensação de perspectiva que eu tinha. Aquela parede de água que estava diante de mim começou a se expandir e me senti envolvido por ela, apesar de não estar molhado. Comecei a ver outra figura, dessa vez, fora da água. Me dei conta que eu estava dentro da parede de água olhando para mim mesmo que estava fora da parede de água. Era eu! Eu olhando pra mim mesmo. Agora, o eu de dentro olhando para o eu de fora!
Mas de dentro da água eu me reconhecia; de fora, não. Era como se o eu de fora não reconhecesse o eu de dentro, ainda que fôssemos o mesmo! Mas como? Por quê? O que estava acontecendo? Será que eu não estava me reconhecendo? Será que o eu de dentro era diferente do eu de fora? Quem era um e quem era outro? Espera aí! Como assim quem era um e quem era outro se ambos eram o mesmo – éramos um só!?
As duas faces tinham se perdido e uma não reconhecia mais a outra. A essência do interior da água ainda conseguia se reconhecer, mas a que estava fora não conseguia. O que tinha acontecido?
Abri os olhos, num sobre salto, levantei da cama e fui até o banheiro. Me olhei no espelho e me reconheci. Ufa!
Bjs,
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A Embalagem Perfeita
A Embalagem Perfeita
É interessante observar como os produtos nos são apresentados. Um achocolatado muda a tampa, que antes precisava ser aberta com o cabo de uma colher, para que uma criança possa abrir com os dedos. Uma bolacha integral, com aparência naturalmente desmaiadinha, tem no pacote cores vibrantes e maravilhosas que destacam a energia fantástica contida em cada mordida.
É uma loucura o quanto estas embalagens que deveriam ser pensadas em termos da eficiência da sua função, servem mais como publicidade do que qualquer outra coisa.
Os pacotes de bolachas, invariavelmente, deixam que seu precioso conteúdo se quebre. As garrafas de refrigerantes podem ter, em suas tampas de rosca, obstáculo intransponível para pessoas mais velhas. O mesmo vale para os potes de conservas e geléias.
Mas há um produto cuja embalagem é perfeita: o ovo!
Pensem bem: não há invólucro mais eficiente e seguro do que a casca do ovo. Ela é frágil o suficiente para ser quebrada de dentro pra fora, permitindo que o pequeno ser formado em seu interior liberte-se para a vida externa; e forte o suficiente para receber choques e batidas do lado de fora sem se quebrar. Além disso, tem uma capacidade de “respirar” sem deixar que o seu interior seja invadido por parasitas ou um pouco de água.
Não podemos nos esquecer que o ovo foi criado, ou surgiu, não para nosso deleite omelético ou friturístico, mas sim com o objetivo de servir de “casa de passagem” para uma criaturinha em formação. Como se não bastasse, o design do ovo é único, inconfundível e infalível no seu objetivo de se acomodar nas mais variadas superfícies de um ninho, seja ele feito de gravetos, areia ou pedras.
Então na próxima vez que virem ou pegarem na mão um ovo, um simples e singelo ovo, admirem a supremacia da natureza na solução da embalagem perfeita!
Bjs
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Propaganda infantil
O que se pode esperar de um mundo que propagandeia, desde as tenras idades até o crepúsculo existencial dos expectadores, o sucesso?!
Lembro quando uma marca conhecida de cigarros tinha como seu mote publicitário a ligação com o sucesso. Vale dizer que o sucesso, no conceito social vigente, desde aquela época, é aparecer na TV, ser famoso, bonito e consumidor voraz! Não precisava de mais nada, só fumar! Aquela marca de cigarros ligava o seu nome ao que de mais cobiçado poderia ser alcançado, pelo simples fato de consumir e fumar seus infiltrados cilindros cancerígenos.
Bem, acho que evoluímos no descarte completo da publicidade dos cigarros. Mas outro mal publicitário com impacto, talvez, ainda mais danoso e que precisa ser banido também, é a publicidade dirigida às crianças. Quando digo crianças, digo pessoas com até 18 anos.
Radical? Sim.
Fundamental? Sem dúvidas.
O bombardeio desenfreado e desregulamentado da indústria da propaganda faz de crianças e adolescentes alvos fáceis às pretensões comerciais dos clientes das agências. Já estamos tão acostumados que nem nos importamos mais. Já estamos tão brutalizados pela interferência em nossa intimidade que já achamos que é normal.
A indústria da propaganda especializada no marketing infantil penetra nas entranhas das crianças e adolescentes embutindo e construindo um gosto e desejo escravagista!
Quem tem contato com crianças sabe o quanto elas são capazes de discernir certas coisas, principalmente relacionadas aos sentimentos. Mas nas questões ligadas a saúde, valores, escolha de roupas, brinquedos e alimentos as crianças estão em plena formação de suas convicções e valores. Ainda estão formando a base que servirá de referência às suas decisões de escolha. Se forem submetidas a uma massiva exposição a fontes que digam a ela que isso é bom, que aquilo é melhor, que aquilo outro é mais saudável, elas tomarão emprestadas aquelas verdades e a merda estará feita!
Acredito que a maioria das pessoas sabe dos danos que os comercias dirigidos às crianças podem causar. Também entendo que a vida atropela e não nos dá o devido tempo de dedicação àqueles que criamos. Mas por que deixar que esta lacuna seja preenchida por objetivos que, em geral, são diferentes daqueles que consideramos positivos? Por que permitir a invasão da intimidade e o plantio de uma semente que não nos interessa cultivar?
Eu acho as propagandas para as crianças uma agressão!
Aqueles que consideram isso uma proposta de censura têm, com certeza, um comprometimento com esse sistema de criação dirigido que emburrica, educando consumidores, não pessoas. Ou, pior, tiveram o seu senso crítico abalado por esse próprio corporativismo publicitário que presta um serviço sem escrúpulos!
Acham que estou louco? Pode ser que eu esteja ficando…
Bjs
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